sábado, 16 de outubro de 2010

ZIKR - uma prece em movimento - pela primeira vez na minha vida!




O dia hoje foi maravilhoso.
Certo que perdi o primeiro passeio da manhã, pois estava já há dois dias sem dormir e simplesmente desmaiei.
Também vomitei, para rimar talvez??
Mas é verdade, só posso pensar que meu corpo teve que fazer algo drástico para me fazer parar um pouco, estava completando quase 48 horas no ar, sem dormir, e então pufff, tive um piripaque!!



Fiquei quietinha esta manhã e estava pronta para o ataque a tarde.
Conhecemos o templo de Kom Ombo, que é um dos melhores conservados, e traz detalhes, greco romanos, pois foi construído durante o período de ocupação que pertence a estas outras duas culturas.

De noite a tradicional festa da Galabia no navio, onde claro as brasileiras, pegaram fogo, e foi um furdunço total!
O jantar de hoje foi um churrasco, e era difícil decidir o que não comer.
um dos pontos importantes numa viagem de grupo como esta, é de fato a escolha do barco.
Podemos até escolher os hotéis com 4 estrelas no Cairo e em outras cidades, mas o barco tem que ser 5 estrelas.

O nosso é lindo, e tem um serviço impecável até o momento, então estou feliz de ter feito uma escolha acertada. Mas vamos a minha noite que reservava uma surpresa mais do que especial.
No fundo as viagens servem para que possamos conhecer pessoas, e seus mundos, que são distintos do nosso.
Hoje reclamando com dois outros guias, sobre o show nubio de ontém, acabei descobrindo um novo amigo. Esse guia , que se chama Ahmed Kabe, é um ótimo contador de estórias, e ouvi dele muitas, incluindo a versão completa da antiga história egípcia antes do tempo dos Faraós.

Chegando a Edfu a noite, me convidou para um café, e eu ouvi ao longe , uma música estranha, que me chamou bastante a atenção.
A princípio pensei ser uma festa baladi, mas o som era distinto disso e tinha um ritmo totalmente diferente do que seria uma festa local.

A princípio Ahmed disse que eu não deveria ir até lá sozinha, porque não tomar um café, e se ainda quisesse dar uma olhadinha, ele iria me acompanhando, mas não poderíamos chegar muito perto porque aquele era um encontro Zikr.

Se o intuito dele era me desanimar, nada poderia ter dado mais ao contrário. Quando soube do que se tratava, minha vontade era ainda maior, e pensei comigo...ok, se ainda estiver acontecendo a música depois do café, vou mesmo que seja sózinha!

Assim foi, depois de ficar um tempo na cafeteria, voltávamos ao barco quando ouvi a música novamente e pedi a ele que viesse comigo.
Fomos chegando perto, e o som me chamava ainda mais.

Imaginem um grupo de homens, todos vestidos com galabias , cores distintas, rezando em movimento.
Foi isso o que vi, homens simples, que se moviam ao sabor da música sufi, dançando a vida.
A letra do que cantam, fala da amargura, do divino, do amor...
Duas linhas, que se movem de frente uma para a outra, com uma certa ordem, que eu não sei explicar.
é como se uma delas tivesse um líder e a outra um outro líder.
Os movimentos são compartilhados, entre os integrantes de uma das linhas, e do outro lado, outro movimento, acontece também em uníssono com os outros integrantes.
O ritmo se modifica, e a velocidade também. E tudo vai se encaixando devagar, se o som diminui em dinâmica os movimentos o seguem, e quando ele cresce o mesmo ocorre com a movimentação corporal.

Difícil descrever, uma daquelas situações onde sentimos que a informação vai direto para a alma, e tem dificuldade em ser decodificada pelo racional
Me sinto abençoada, por ter encontrado Ahmed, que pode me acompanhar, e também ser uma espécie de guardião, pois estas cerimônias coletivas, são exclusivas para homens, e portanto eu era a única mulher presente.

Deixo vcs com uma imagem deste momento!

3 comentários:

Emiliana disse...

Lulu sempre trazendo novidades e grandes momentos.
Incrível como vc descreveu a informação que só é absorvida pela alma, impossivel descrever...ja senti isso...
Aguardamos mais notícias da sua grande viagem!!
Bjs e boa sorte

Unknown disse...

Oi professora! Que vontade de ver tudo o que você descreve com seus olhos! Allah possa me levar até eles um dia, breve, e em sua companhia! Saudade de ti...sua assistente...flavinha.

Irene disse...

Você sempre nos falando ao espírito, seja em movimento, com a sua dança, seja em palavras. Você foi a única mulher a presenciar a cena e agora somos várias de nós a vê-la através da sua descrição.