segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A corrente do Bem - pelo bem de todas nós!

Quantas vezes nos deparamos com situações que não podem ser resolvidas, e por um instante a gente se pergunta:
Mas porque estou passando por isso?

Em outras, descobrimos que até o caminho mais escuro pode ser iluminado por uma vela acesa pelo desejo de resolver!

Hoje temos uma chance de mostrar, que apesar de tudo, nós , Mulheres, e amigos das mulheres, podemos sim, nos juntar, e criar soluções possíveis numa situação que parece impossível

Descubra nossa corrente do Bem, descubra quem é Aline, quem é Nira , o que é ultrapassar os limites normais, o que é ir além, e por um momento parar, pois já podemos ir sózinhos em frente.
https://www.facebook.com/nira.lucchesi
Foi Nira quem conheceu Aline, e da história dela como bailarina, faz parte.
Mas Aline não é apenas uma bailarina, ela foi além e ganhou uma chance incrível que para ser aproveitada também depende de nós.

Se cada uma fizer um pouco só, podemos fazer o que parece impossível para ela sózinha!


Vamos juntas, divulgar, e dividir o prazer de celebrar uma vitória desta jovem mulher



Saiba mais sobre isso, esteja com a gente
No dia 07 de Setembro um mosaico de artistas estará se reunindo em Shangrila para um show que reverterá toda a renda arrecadada para esta vitoriosa chamada Aline Araújo.

 Eu estarei lá, e espero encontrar muitos amigos
Traga quem vc quiser, quanto mais gente melhor!
Celebrar, agregar, dividir
Nossa energia pode muito, basta querer!!

 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Salvador - terra de sonhos - puro axé e Baladi Congress


Falar de Salvador sem mencionar meus amigos é impossível.
Uma terra abençoada, que recebe a todos sem distinçao, mesmo que seja uma branquela como eu!!

Terra de Caimmi, de Jorge Amado, e muito sol
Só de pensar começo a cantarolar...

São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra de Nosso Senhor
Pedaço de terra que é meu
São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra do branco mulato
A terra do preto doutor
São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra do Nosso Senhor
Do Nosso Senhor do Bonfim
Oh Bahia, Bahia cidade de São Salvador
Bahia oh, Bahia, Bahia cidade de São Salvador


Nunca me esqueço da minha primeira vez por lá, fui convidada na época por Milla Tenório, e o show foi numa casa que ficava na parte alta, lembro que era muito quente, e nosso curso foi num prédio antigo, num andar que era como um grande salão e não tinha janelas, apenas grandes aberturas, que davam para o mar
No final da aula, subi numa das muretas, e alguém tirou uma foto que tenho original em algum lugar em casa
Naqueles tempos, ainda não estávamos na era digital! 
A apresentação de noite, numa casa simples, que acho, era naquela época a escola de Milla.
Uma noite de lua cheia, um céu lindo e uma energia do público que não tinha nome.
Foi a primeira vez, que me senti carregada pelos olhos das pessoas. Ficou para sempre minha impressão daquela experiência.

Muito tempo se passou e anos depois eu comecei a trabalhar por lá com Fernanda e André. Organizadores num primeiro momento, mas segundos depois amigos. Estivemos  juntas por um tempo longo num projeto de dança, e sempre foi maravilhoso estar com eles.

O prazer de ter perto da gente, pessoas simples e  queridas. Fica aqui meu testemunho público deste casal, que cresce continuamente, com arte e muito bom humor. A escola que eu vi pequenininha, e que cada vez que revejo está maior e com novidades. Agora até um novo dançarino chegou para a familia.

Obrigada Fe e André por fazerem parte da minha vida, além, muito além da dança


 Fernanda Guerreiro
 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

30 anos de uma História mantida pelo Feminino

Há exatos 29 anos ntrei pela primeira vez na Khan el Khalili.
Nesta epoca, dezembro de 1983, tudo o que ela tinha de árabe ou oriental, era o nome e um panô desenhado com um faraó , em algodão cru, com cianinha dourada em volta.
O idealizador da casa Jorge Sabongi é a pessoa que ainda a dirige hoje em dia, 30 anos depois de sua inauguração!

 Aqui está o panô famigerado. E este não foi o primeiro uniforme da casa, o primeiro era uma calça tipo Gennie é um gênio, e uma blusinha curta, eu amava, parecia que íamos sair da lampada a qualquer momento!!

Desde estes tempos o idealizador do lugar, Jorge Sabongi, já tinha altas expectativas para seu sonho.

Eu cheguei em 1983 , exatamente um ano e pouco depois da abertura da casa, e mulheres sempre revolucionam não é?
Fui emancipada por meus pais e me tornei sócia da casa com apenas 17 anos!

Também carreguei bandeja, limpei cozinha, e tudo o mais que podem imaginar.
De lá para cá muito aconteceu
Histórias a parte a casa cresceu bastante!

Fiquei na casa por 25 anos.
O crescimento dela se deu em grande parte por poder usar duas energias que são complementares, a masculina e a feminina. O construtor, e a mantenedora. O provedor e a cuidadora! Algumas coisas nunca mudam, e da mesma maneira em que algumas atividades privilegiam os homens, outras privilegiam as mulheres.
A dança se estabeleceu e junto com ela a luz da casa brilhou.
Minha independência já vai completar 5 anos e continuo mais ativa do que nunca. Minha escola saiu deste espaço em 2007 e eu não danço mais lá desde 2009.
Mais uma prova do poder da dança!!
Podemos estar juntas ou não desde que nossa comunhão com o que nos uniu e iluminou, não desapareça!

O sonho daqueles que entram naquele espaço só se torna completo depois do show , pois ele carrega a egrégora da dança, mantida e alimentada por todas as mulheres, que pensam em lá dançar ou que por um tempo, por lá permaneceram.

Então neste momento em que a Khan el Khalili faz 30 anos, juntamente com os meus 29 anos de dança, vale lembrar o papel de todas as mulheres, que fazem desta casa o que ela foi e a razão porque ainda está lá!
Quem trabalha na cozinha,né? Dona Rosa e Gil, será que a Zéfinha também ainda anda por lá?Quem limpa tudo depois do expediente, né Quitinha?  Quem serve as mesas, e cuida dos visitantes, Rom, Divina, e Sandrão,  e ainda temos a Martinha! aquela que fica no caixa- Né Roseli?, as meninas da recepção e muito especialmente, as dezenas de bailarinas que fizeram e fazerm a história deste lugar.

Khan el Khalili sem as mulheres, não seria o que é
Khan el Khalili sem a dança? Não sei o que seria
Tudo está intrinsecamente ligado para sempre.

Meus parabéns a vocês todas, que apesar de seus medos, dissabores, alegrias e sonhos, mantem a casa viva, além do ponto em que os primeiros criadores de arte já se foram de lá.

Uma celebração especial, para as bailarinas que já não estão no quadro, mas que fizeram uma enorme diferença na trajetória desta casa :
Laila - uma das mulheres mais fascinantes que já conheci na vida!
 Laila

Fátima Fontes- e sua retidão que a levou sempre para um caminho claro e certeiro
Najwa - Hoje no México com sua escola
Dalila- que eu vou encontrar na próxima semana
 Nesta foto em cima da esquerda para a direita :
Dalila e Laila, no meio eu, horrível, embaixo , esquerda Fátima Fontes e a direita Najwa

Shahar- a alegria contagiante, que hoje em dia está na Inglaterra- Professora queridíssima com uma legião de fãs!
Hayet- que já se foi!
Soraia - a dos velhos tempos
 Esta foto é antológica : Vivi al Fatna, Lydia Samos, Soraia, Jorge, Rose, Rosana Chalita, Nevenka e Agata

Jade al Jabel - que hoje em dia é até mesmo fluente em árabe! Paixão sempre nos leva além!
Shams- que continua nosso anjo loiro encarnado
 Aqui ela dançava para homenagear o dia das mães, e estava grávida de cinco meses

Palluh- que hoje é uma terapeuta incrível

Safira- atuando no centro do nosso Brasil, mas também já andou por este mundão!

Kareema com seu carisma - Hoje em dia na Alemanha ativa e criando
Dunia- hoje em Bragança Paulista- mostrou sua arte pela Alemanha por muitos anos
Dunia La Luna - uma dançarina que hoje é terapeuta do Feminino, incrível
Serena - agora Ramzy e morando em Londres

Munira Magharib - o sucesso de sempre, uma bailarina e professora incrível
Aysha Almee- sempre surpreendente
Rosana Chalita - e seu sorriso iluminado

Samya Ju - Sua leitura de folclore era impressionante, um baladi de tocar o coração...

Amar - Dança até hoje mas também se reinventou - tem um estudio de Pilates e se graduou em Fisioterapia


Sandra e sua força de vida
Zur - que não sei por onde anda  mas era linda com a serpente
Lulu Sabongi - Oslo 2003 - o passado
 que também hoje é apenas Lulu - 2012


Viva as mulheres, receptoras e mantenedoras da dança em nosso país e no Mundo!

A dança Oriental - Uma moda que não morre!!!




Coisa engraçada, como em nossa vida existem coisas que tem vida curta e outras que viram parte de nosso cotidiano, sem nunca termos de fato planejado.
Quando comecei meu contato com a dança nunca imaginei que ficaria para sempre, e aqui estou eu!
Meu ex marido me dizia, há muitos anos atrás....é aproveite esta onda, pois esta moda vai passar e a dança vai desaparecer!

Fato, ele até hoje sobrevive da dança, e eu também, trabalho exclusivamente com ela

No próximo ano, além dos locais
aqui no Brasil estarei visitando países aos quais nunca fui antes, e olha só a conta, fazem quase 29 anos que comecei. Eita modinha forte essa não?

Próximos países a serem visitados em 2012:
China - Shanghai
Peru - Lima,
Venezuela
Portugal - Porto e Coimbra
France - Paris
Turquia - Istambul
Republica Dominicana
Japão - Toquio e Osaka
México -
Alemanha
Austria
Aqui mesmo em nosso país , cidades onde vou desenvolver projetos de estudo com longa duração;
Aracaju
São Paulo
Curitiba
Brasília
Jundiaí
Fortaleza - a confirmar até dez
Belo Horizonte - a confirmar até dez
Campo Grande - a confirmar até dez

Então volto a repetir o que já disse muitas vezes em classe, hoje, exatamente agora, estão nascendo menininhas que no futuro, vão se tornar alunas desta dança que pertence as mulheres do mundo todo!
Sua permanência na dança e no contato com ela, depende de sua preparação, enquanto profissional.
Escolha quem quiser, ou onde quiser, mas prepare seu corpo, e sua mente, para dançar sempre e no futuro quem sabe compartilhar com outras pessoas.
Que a dança pertença a quem a respeita.
Bom dia a todos(as)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

As fases e armadilhas da vida de uma bailarina - Parte II

 As fases e armadilhas da vida de uma bailarina - Parte II

E continuam as armadilhas , onde vamos cair agora?

Os bastidores da dança e o vírus do anonimato.

Um pequeno intervalo nas armadilhas para falar de uma trapaça muito comum em nosso meio e nada saudável.

Compartir opinião é um dos melhores exercícios mentais que podemos fazer, até mesmo para testar nossas crenças e impressões.

O problema é quando, no lugar de ser honesto e se colocar pessoalmente frente a uma afirmação ou texto publicado, onde quer que seja, as pessoas se escondem atras de um apelido fantasma, para dizer o que querem, sem assumir os riscos por isso.

Sempre escrevi no aberto, e vou continuar assim. Depois de uma certa idade, e também maturidade, a gente aprende que é responsável pelos próprios atos, e também por nossa infelicidade.
 Ninguém tem seu tolken do banco,  para deixá-la mais pobre de uma hora para outra.
Se vc tem sucesso a responsabilidade é sua, se não está bem, é sua também. Não coloque sobre o ombro alheio a direção da sua vida
O ônibus é seu, então seja o motorista!
Sua felicidade é sua responsabilidade, e de ninguém mais!

Opinião é como bum bum, todo mundo tem o seu, então que tal abrir um parenteses e respeitar a opinião alheia. Não me cabe julgar ninguém, mas tenho o direito de me colocar e faço isso de forma clara e absolutamente direta. Não uso atalhos, portanto me coloco a disposição das pessoas que querem de fato uma conversa adulta, que se comuniquem nas mesmas bases. Idenfifique-se e vc merecerá respeito, seja anõnimo e vc merece ser ignorado.

Afirmo uma vez mais. Ao utilizar qualquer método extra de aprendizagem tais como:
  • anotações da minha amiga
  • Videos no youtube
  • dvds didáticos de quem quer que seja
  • gravações caseiras que mostrem minhas amigas dançando
  • 1 workshop na vida ou mais
Deixei de estar sózinha na estrada, já me alimento da arte e criatividade de outros e por isso estou no coletivo
Uso o que está a minha volta para aprender, tenho conecções, tenho pontes, não estou só!
Não caia na armadilha de acreditar que o anonimato te dá o direito de ataque indiscriminado.
Se quer respeito, respeite primeiro!



domingo, 12 de agosto de 2012

As fases e armadilhas da vida de uma bailarina - Parte I




As fases e armadilhas da vida de uma bailarina -  Parte I

Depois de tantos anos dançando, e muitas tentativas de parar, que nunca passaram da mera hipótese, sou obrigada a reconhecer que além de viver de dança, ela também é meu vício.

Por mais que tenhamos através dela tudo de bom e tudo de ruim, ainda parece que o saldo positivo ganha do negativo e então permanecemos.

Existem muitas formas de observar nossa trajetória, uma delas é a comercial, ver a nós mesmas como produto do mercado de entretenimento, mas sobre isso nem vou falar pois existe abundância de texto e de teorias, inclusive de pessoas que nunca dançaram e que só detém um lado desta moeda.

Tenho pensado muito, sobre as outras faces da dança, um pouco como as tantas faces de Eva.
Nenhuma de nós, é simples de ser compreendida, o fato de sermos mulheres, por si só complica tudo.
Para desenhar um quadro me perco na minha própria história, o que dirá da história de tantas outras.

Como começamos na dança?

Cada uma tem um motivo, e eles variam na mesma diversidade de nossos tons de pele e cores de cabelo.
O fato é que ao começar, não temos a mínima ideia, de onde isso vai nos levar.
 Talvez fosse interessante fazer um questionário, sobre os efeitos emocionais da prática da dança, ainda que por pouco tempo , nas milhares de mulheres que a experimentaram.
Tem algo que ouso afirmar, ninguém sai impune. Mesmo que tenha sido uma tentativa de 3 meses, isso de alguma forma lhe marca.

E agora fiquei, não consigo largar esta dança!
Aqui começa nosso calvário, ou melhor nossa escola.
Ao se apaixonar fazemos tudo e mais um pouco pelo objeto da paixão. Não medimos esforços, gastamos o que não temos, mas chega um ponto, onde a realidade nos chama, ou melhor o balão tem que voltar a terra, e aí tomamos novas decisões

Ontém ouvi uma frase que me parece muito pertinente:
“ a vida nos devolve exatamente na mesma proporção do que investimos nela”

Digo a mesma coisa da dança, a dança nos devolve exatamente o que fazemos por ela.
Armadilhas a postos, quais são elas? O que fazer com isso, compreender, aceitar ou evitar?

  Eu sei 

Esta armadilha, do conhecimento suficiente, traz alguns riscos, entre eles:
·         Se eu sei o suficiente, não preciso de aulas e portanto não vou a cursos, não pratico regularmente com outros olhos sobre mim, e não preciso de nenhuma sugestão

·         Outra face da mesma moeda, é o ato de não propagar as oportunidades de que minhas alunas conheçam outros trabalhos, pois isso poderia talvez, afastá-las de mim.  Ou considerando que de fato não sei tanto assim, não me exponho em situações onde o meu despreparo seria evidente.

·         Claro que as armadilhas nem sempre são conscientes, e por vezes, negamos até a morte que estamos enroscadas em uma delas

Quando o discurso ao dançar é o “ Eu sei” muito pouco de nossa alma é entregue durante a performance, ou até arriscaria a dizer , não entregamos nada. A dança é muito mais do que apenas o domínio do movimento!

  Eu sou sexy
 Essa armadilha é danada, dá a falsa impressão de poder ilimitado e aí mora o perigo.

Por que?

Ninguém é sexy para sempre, e nem jovem. Se vc é muito provocante ao dançar além da conta, cria um exercito de mulheres, incomodadas com sua presença e homens ávidos por um troféu que possa ser mostrado socialmente. 

No final das contas, o que lhe sobra?

Evidentemente a dança é sensual, agora mesmo vi em Porto Rico mulheres, dançando salsa num bar universitário, e era lindo de morrer, extremamente feminino, e atraente, mas não me incomodou em absoluto.

O problema é sempre quando a tônica passa do ponto, pois aí não é mais apenas um aspecto mas se transforma no próprio objetivo do dançar e então tudo vai por água abaixo.

Diga-se de passagem, o exercício da sexualidade faz muito bem obrigada, mas nem sempre é para ser manifestado publicamente!! Posso ser saudável e sexy para o resto da minha vida, em minha esfera particular, sem usar meus poderes devoradores, por onde passo!

  Eu serei linda e jovem para sempre!

Tadinha, essa é cruel mesmo.
Evidente que não podemos perpetuar a juventude ainda que a gente tente com bastante afinco.
A promessa de tornar perene o que é fugidio, é a maior arma na mão dos dermatologistas, e médicos que trabalham na area da estética.

Nós, na busca do perfeito que existe dentro da nossa cabeça, ou como formato desejado dentro do mercado de dança onde atuamos, acabamos por nos martirizar em busca de um ideal que não é fixo, e nem pode ser alcançado por todas as pessoas.

Vejam não tenho nada contra, procedimentos estéticos.
Sómente penso que deveriamos colocar limites, para permitir que nossos amigos nos reconheçam.

A não ser que esteja fugindo deles, e de sua família e que seu objetivo seja de fato modificar totalmente sua aparência, mesmo que isso dê a impressão de que aplicou plástico nas bochechas e excesso de pimenta nos lábios.

Sou como todas , ou muitas mulheres, e me preocupo sim com a passagem do tempo, mas estou tentando, não enlouquecer com essa armadilha, pois ela é poderosa.

Tenho quase 46 anos, e vai chegar um momento, em que não vou querer me expor tanto, já estou considerando isso, e penso que a meditação a este respeito, é saudável e convida outras pessoas a considerarem o mesmo.

Será mesmo tão penoso envelhecer com honra?
Vou contando para vcs sobre minhas impressões!

 Eu tenho um nome, você sabe com quem está falando?

Essa  é de doer, mas é verdade. Nem sempre as palavras saem exatamente assim, mas o sentido é o mesmo.
Querida, vc tem um nome? Eu também e daí?
Usando uma expressão que li ontém num email bem vindo, parece que há uma lenda urbana, toda bailarina que comece a se apresentar um pouco mais muda de nome, ou tem que mudar de nome.

Um nome pode demorar anos para ser construído e pode se destruir em pouquissimo tempo, especialmente se por trás dele nao houver o escopo de um trabalho honesto e bem feito.
Quando a bailarina arvora para si mesma um nome " artístico" era de se esperar que se transformasse em profissional. Era é o tempo verbal perfeito, pois nem todas que tem este nome especial são profissionais.

Quanto menos temos, mais nos orgulhamos. 
Minha mãe me dizia, uso sempre isso né? É que ela me faz falta....como ia dizendo, uma de suas citações, era:
Quem fala muito de outro, tem tempo de sobra e nada a fazer....
Esqueçam os nomes, o que vai ficar é quem vc é no palco, se toca ou não as pessoas.

Não é seu traje cheio de cristais austríacos, ou seu cabelo lindo, que vão fazer toda  a diferença
A diferença vai acontecer quando ao ser assistida por alguém, essa pessoa, não se impressione com você mas sim, se emocione!

Um nome é um rótulo, e não pode carregar em si todo o seu significado.
Não dê muito valor ao que é volátil!

Aprendi sózinha! Sou autodidata

Essa quando ouço, me coloca todos os cabelos da nuca em pé.

Tem gente que acha, que foi dormir sem saber nadica de nada, e acordou dançando.

Ou pior, tem uma amnésia muito específica que diz respeito a todas as pessoas que ela já encontrou desde que se interessou por esta bendita dança, mas de repente, não entende mais se toda esta vastidão de gente, tem qualquer importância no desenvolvimento dela.

Costumo dizer que até com as pessoas, com quem experimentamos o sabor amargo da vida, também aprendemos.

Vem me dizer que não tem professora?

Ou nasceu pronta ou é mentirosa!
Um seria milagre e o outro é bem comum.

Não caia nessa, sempre se lembre do caminho percorrido.
A vida é rua de duas mãos, uma hora a gente vai, na outra a gente volta, e pode precisar de algo!

Meninas, o texto continua a partir de amanhã!
Tem muita coisa ainda para vir!!!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Praga e Porto Rico - dois universos distintos

A viagem começou em Praga, uma cidade que já foi assolada por tantas invasões e catástrofes, que carrega em sua arquitetura, os resquícios tanto dos conquistadores quanto das reconstruções.


Nos edifícios que convivem lado a lado, o novo e o velho se comunicam e mostram suas caras.
Coalhada de gente por todos os lados, lá o turismo está a pleno vapor.
Não existe crise aparentemente.

Na verdade a estória nunca é assim, o que vemos por fora não é o que se leva por dentro.
Minha avó já dizia por fora bela viola, por dentro pão bolorento.


Os eslavos, que são a base étnica do país tem o temperamento muito parecido com os russos.
O serviço é a pior parte, a sensação que o turista tem na maioria dos lugares , é a de que incomoda, e não que é um cliente.

De qualquer maneira é uma das cidades mais lindas que já visitei. Parques, o rio que corta a paisagem, castelos medievais, e arte ao ar livre.

Durante a semana em que estive por lá, houve um festival de folclore, chorei vendo os velhinhos dançarem.
A gente reclama por tão pouco, e eles cheios de vitalidade, viajaram horas para estar ali, mostrando suas raízes.
Os cabelos se arrepiam e a alma sorri


No palco no meio de uma grande praça diversos grupos tomavam lugar, trazendo seu folclore específico.
Israel, Austria, Alemanha, e outros tantos paises, cada um do seu jeito celebrando o final do verão.
Maravilhoso, quase perdi uma das minhas aulas assistindo as apresentações....


O que mais me impressionava era a atitude deles, tanta vitalidade e tanta entrega de um jeito simples e totalmente generoso. Muitos grupos tinham sua música tocada ao vivo, e isso fazia uma diferença monstruosa
Um grupo israelita em especial, teve uma energia incrível.

Essa era uma cantora deste grupo, voz linda, olhos brilhantes
Arte em tudo que é canto, é um bálsamo para a alma, faz a gente rir sem querer, chorar por bem, e relaxar por dentro.

No mais a cidade é um estímulo para os olhos, para todo lado que a gente olhe algo chama a atenção e te faz perguntar, a que ponto da história vc pertence.

As igrejas são absolutamente impressionantes, e podemos encontrar de tudo.
Barrocas, neo barrocas e Góticas.
Tem a vontade do freguês. Algumas carregam uma atmosfera pesada e outras não. A cidade fala com vc, e os idiomas são vários.

Tem tour para tudo que é gosto, conheça os fantasmas da cidade!
Da outra vez experimentei esse e era uma noite chuvosa, meio vampiresca, foi interessante
Desta vez meus passeios a pé aconteceram durante o dia, com meu amor, e em um dia em especial andamos sem parar , quer dizer com parada para almoço, por sete horas!!

Essa menina linda brincava loucamente no restaurante indiano onde paramos para comer neste dia.
Oferta especial, 5 euros por um curry maravilhoso.
Ela tinha olhos enormes, pareciam jabuticabas imensas, e o prazer maior era ficar pelo chão, o problema era querer comer o que encontrava por aí.

Imagens falam mais alto do que as palavras, então deixo vocês com alguns pontos destes lugares.
Lugares de encontro de reza, e de choro
Lugares de encantamento também , porque não?
Riquezas que ficam encrustadas nas paredes para sempre, símbolos do que foi e será.
Esculturas e pinturas, que deixam as dúvidas no ar, como isso foi feito Deus do Céu?

As alturas, e envergaduras das construções fazem a gente se sentir pequenininha

Os tetos e pinturas incríveis, me transportaram, ficava imaginando a pessoa que havia pintado os afrescos, tão alto e tão perfeito. Em que condições isso foi feito, quanto tempo levou, quanto da vida ficou ali marcado para sempre?


As igrejas góticas em especial chamam demais minha atenção, não sei se a altura das colunas, se as abóbadas que me deixam sentir tão titica, ou mesmo a energia delas
Fui visitar uma bem antiga, e é uma pena não ter mais informações técnicas para poder fotografar corretamente o que vi, mas já dá para ter uma ideia do interior !


O colorido dos vitrais é simplesmente ...wow


A sensação de transporte ao passado para mim é muito mais forte nas igrejas góticas do que nas barrocas.
Cada um se identifica de uma maneira, sou absolutamente fascinada por estas linhas!



sexta-feira, 3 de agosto de 2012


Ghawazee – Raízes e História



Este texto é a união de informações tomadas ao longo dos anos e mescladas com artigos escritos sobre o tema.
Há pouco tempo pude ter acesso a um material de estudo incrível que me permitirá compartilhar com vcs muitas outras informações, que não são fruto do pai Google mas sim de um trabalho científico comprovadamente confiável, como fonte de informação sobre a vida e cultura dos egípcios modernos.

Por enquanto aqui vão algumas impressões e informações sobre este grupo étnico  tão polêmico!

Dentro da sociedade egípcia , desde tempos antigos até hoje em dia a dança é parte da cultura.A exposição a música, e a dança faziam parte do cotidiano, nem sempre exposto ao público mas sempre próximo do coração destas pessoas. Podendo ser uma manifestação íntima, apenas entre mulheres de uma mesma famíla, ou dentro do contexto de trabalho como por exemplo, através dos artistas de rua, entretendo os trauseuntes, a dança tem estado presente na vida e na alma deste povo desde tempos imemoriais.Grupos de dança ou companhias sempre foram um artigo disponível no mercado. Eram contratados para jantares, comemorações e até mesmo festividades religiosas.A exceção era que alguém bem nascido , raramente se dedicaria a esta atividade.

 Dançar em público sempre foi considerado um privilégio, se podemos chamar assim, da classe mais pobre.A exposição a que estes artistas são submetidos, sempre foi mau vista pela sociedade de forma geral. Não vivo sem isso mas minha filha não dança publicamente.



De certa maneira a conecção com a dança se torna mais fraca na medida em que uma mulher assume responsabilidades. A´te mesmo na vida privada, uma mulher que seja a cabeça de sua casa, dança pouco. Como se o peso da responsabilidade assumisse o peso da balança. Sou séria, portanto não danço.  Em algumas ocasiões especiais é claro, a dança é permitida como celebração, por exemplo no noivado de uma filha ou filho, o que torna a ocasião honrosa e especial.
Claro que esta é uma visão limitadora, mas mostra um pouco como a sociedade vê o dançar em alguns aspectos.



Nós bailarinas profissionais, quantas vezes nos deparamos com a pergunta:No que vc trabalha?Respondemos: Sou bailarina!E aí vem a clássica ; Oh que legal, mas o que mais vc faz? Não é um reflexo? Como se o fato de trabalhar com dança não fosse de fato um trabalho mas sim uma diversão! Desde quando carregamos este fardo conceitual?

As ghawazee – plural da palavra Ghazeya são as dançarinas de rua, comumente contratadas para as festividades independente do motivo para a festa.
Existem relatos que referem a presença de dançarinas ghawazee na ocasião do parto, e isso até leva a questionar se , uma vez sendo verdade o que se conta, poderia ter vindo daí a simbologia que liga a dança a fertilidade. Seriam essas ciganas também parteiras? Teriam algum papel importante neste sentido, no momento sublime de dar a luz?

Pouco se sabe sobre estas dançarinas urbanas, e quase nada se escreveu que seja digno de análise científica, portanto acabamos dependendo dos textos e livros que fazem alusões a estas mulheres, mas que não provam de forma cabal quais as regras e caminhos que elas tomaram ao longo dos anos.
Existem relatos sobre estas mulheres ciganas desde o século XIX pelo antropólogo Edward Lane, que visitando o Egito por volta deste período descreveu as cerimônias de tatuagem de henna, dizendo que quem as conduzia era sempre uma ghazeya. A presença destas mulheres na arte , na música e nos costumes é inegável e atravessa os séculos.  Os símbolos tatuados na face , nas mãos e nos pés, tinham o sentido de proteção e eram amplamente difundidos no passado, muito mais do que no presente.

No início do sec XVIII, com a chegada de Napoleão ao Egito, buscando por uma nova rota para as Indias, deu-se a primeira expedição organizada a esta parte do mundo. As Ghawazee neste momento eram conhecidas como Banat el Baladi.

Ghawazee em sua tradução quer dizer “ invasoras do coração” . Essas dançarinas encontradas pelos soldados de Napoleão eram ciganas, estavam acomodadas, ao longo do baixo Nilo e também no Cairo, onde puderam encontrar uma nova fonte de renda, com os soldados franceses. Depois de terem sido ligadas por um general Frances a ocorrência de doenças, foram perseguidas e muitas foram mortas

Passou-se por um período em que sua atividade era aceita mas sempre como marginal a sociedade, e diz-se que as ghawazee faziam de tudo, e não apenas dançavam. Foi instituída uma forma de regular suas atividades, bordéis foram abertos, e elas eram taxadas e também recebiam atendimento médico.

Elas geralmente se apresentavam de forma aberta, em ruas urbanas, mesmo que fosse apenas para animar as multidões. Sua dança era pouco elegante, com o detalhe muito marcante de uma movimentação de quadril, bastante enérgica e cheia de vibrações, com muitas variações de acento, em especial de um lado a outro. Elas podiam inicicar de forma delicada mas com os olhares animados do público e o rápido tocar das castanholas de metal, a energia aumentava cada vez mais.

Durante algum tempo, mesmo no ápice do período islãmico clássico, de 800 ac até 1300 ac, o termo ghawazee, provavelmente se referia as dançarinas livres que se apresentavam publicamente e aos cantores, pertencentes ao Nawar, descendentes dos ciganos Romanis, que migraram para o sul do Egito, na área rural durante a Idade Média. Instrumentos musicais antigos como Mijwiz e o Rebab, representados nas paredes de tumbas egípcias, são ainda hoje utililizados pelos músicos nawar. Os movimentos das ghawazee assim como sua música tradicional não parecem ter se modificado com o tempo. É como se pouco ou nada tivesse sido tocado pela modernidade.


Nos últimos 20 anos, uma família de músicos e dançarinas do sul do Egito se tornou famosa. As Banaat Maazin, literalmente , filhas de Maazin, tem sido dançarinas por gerações, e são muito conhecidas por seu estilo peculiar nas apresentações. Elas aprenderam a dança de suas mães e avós. O patriarca , Yusef Maazin, morreu há muitos anos atrás, e agora apenas Khaireya, a mais nova das filhas de Maazin, ainda se apresenta. Suas irmãs e primas se casaram, o que geralmente encerra a carreira de uma dançarina, ou se aposentou por outra série de razões, incluindo a falta de trabalho em função da pressão exercida pelo ressurgimento dos grupos fundamentalistas muçulmanos. 
Yusef não tinha filhos para se tornarem músicos ou gerenciarem as dançarinas perpetuando os negócios da família. Como a história da família se perdeu, a tradição oral deste estilo de dança também pode desaparecer porque as filhas se recusam a aceitar que suas crianças cresçam na mesma profissão familiar.

Em sua forma típica de dança folclórica Egipcia, a seqüência ghawazee não é coreografada, em lugar disso, as dançarinas, usualmente tocando sagat, e músicos seguem um programa musical familiar que não tem uma estrutura fixa, com configurações típicas de dança, intercaladas com esquemas de entretenimento, como por exemplo ter um Rabeb colocado sobre o peito da bailarina enquanto está sendo tocado. As dançarinas freqüentemente imitam as danças tradicionais masculinas, como o tahteeb ou danças de luta, ou mesmo a dança dos cavalos, brincando durante sua dança com um bastão ou bengala. Em casamentos e festivais, as ghawazee muitas vezes dançam em grupo, formado por pessoas da sua própria família. 

 Khaireya mais velha , e ainda em atividade.

Quando existe a possibilidade, dançam sobre pequenos palcos e até mesmo nas mesas. As vezes se revezam dançando sózinhas ou em pares, ou em pequenos grupos que se modificam em sua formação durante o decorrer da dança. Apesar da dança ser ao vivo, os movimentos são muito relaxados e ambos, musicos e dançarinas se mesclam muito bem. As apresentações em casamentos podem durar de seis a oito horas, e os artistas descansam muito pouco durante todo o tempo.
Fica aqui o convite para que saibam apenas um pouco sobre mais uma das faces do folclore presente no Egito.
Fontes:
- relatos escritos a partir de  cursos de dr Gamal Seif e Khaled Seif
- conversas pessoais- com Farida Fahmy
by Edward William Lane - edição publicada em 1923

- artigo escrito por Leyla bint ish-Shamaal
Minhas impressões pessoais pelas aulas tomadas com Khaireya Maazin em duas oportunidades no Cairo.
Lulu
Junho 2012