quarta-feira, 12 de março de 2014

Sibéria 2014 - Impressões

Impressões sobre a Sibéria
Minha imaginação não tinha elementos para fixar uma idéia do que seria esta parte do Mundo. Ligava o nome do lugar, a uma área inóspita, e perfeita para prisões que não permitissem a fuga, simplesmente porque fora da prisão os fugitivos morreriam rapidamente.
Era isso o que eu pensava. Frio, deserto e hostil.
Lago Baykal, um dos lugares mais lindos que já vi na vida!

Claro que a realidade é sempre diferente da nossa fantasia, e dei de cara com uma cidade grande, e muito ativa, apesar de não me parecer nem um pouco atrativa no primeiro contato.

Os prédios estão por toda parte, pelo menos por onde eu estive, e é difícil estabelecer diferença entre eles.
Herança do comunismo, e da necessidade de apagar qualquer resquício que fosse da diferença social entre as pessoas, talvez, o caso é que pra mim tudo parecia muito linear e cinza...muito cinza.

Neve por toda parte, pois por lá o inverno só termina mesmo por volta do final de Abril, e quando cheguei a temperatura era de – 10, o que para as siberianas, é quentinho!!!
Meus lábios racharam imediatamente, sem se importar com o batom que eu insistia em passar direto. Não tive nenhuma vontade de sair e explorar a cidade, pois o frio era tanto que depois de 2 minutos na rua, o que eu queria era voltar para dentro do flat e ficar quietinha...

O flat, tinha uma mistura de cores, que deixaria maluca até mesmo a mulher mais inusitada em combinações. A cozinha era laranja, choque, as cortinas do quarto e o teto lilás, e o banheiro azul e branco....fala sério!!
Eu podia fazer meu nescafé a qualquer hora, tinha yogurte e algumas frutas, então pelo menos de fome eu não morria...

No primeiro dia de jet lag, não fui capaz de fazer nada
No segundo dia, já tinha trabalho , 4 horas de julgamento em competição e foi uma experiência muito interessante. Diferente das bancas do Brasil, onde não se discute nada posterior as notas, e a decisão final nunca é da banca, lá tudo é diferente.
Depois das notas serem somadas, e termos um resultado numérico final, as pessoas que compõe a banca, juntas discutem o 1º 2º e 3º Lugar, e não necessariamente as notas é que fazem a diferença. Claro que um 1º lugar indiscutível não oferece margem a dúvidas, mas até mesmo com isso tivemos algumas conversas, pois em alguns casos, haviam empates.

É tudo tão transparente e correto, que passa a valer a pena participar de competições, pois pelo menos, vc tem acesso a tudo, e sabe exatamente o que determinou a decisão da banca, na final.
Fui procurada por algumas bailarinas, em virtude de meus apontamentos, e foi maravilhoso ter a chance de dizer o porque desta ou daquela nota, e depois encontra-las na aula, dispostas e experimentar algumas das coisas que eu havia proposto.

Claro que tive uma tradutora comigo tempo integral
Nastya ( Anastacia ) foi meu anjo o tempo inteiro, para comer, para julgar, para dar minha opinião , ela foi minha voz enquanto estive neste lugar.

Numa das noites , não consegui dormir de jeito nenhum e fui ligada direto por quase dois dias. Naquela noite descobri diversas bailarinas russas que ainda não tinha visto e acabei fazendo uma lista de performances que me impressionaram muitíssimo. Logo a lista vai estar na corrente do bem!

Minha organizadora foi incrível e sua família, é como uma ancora bem vinda em sua vida. O pai e a mãe, sempre presentes, trabalhando como loucos para o festival e para a dança.
Na noite do show tivemos um jantar somente as bailarinas convidadas, e eles, e foram horas inesquecíveis. Um encontro intimista, com boa comida, e muitas estórias compartilhadas. Para Luana, o momento prévio da despedida, é sempre um ritual, e cada um presente, tem que dar seu testemunho ou impressões sobre os últimos dias...bom para encurtar o assunto todos se emocionaram em sua vez de falar, e não fui a única com lágrimas nos olhos ...

É muito bom poder compartilhar a dança desta maneira, com pessoas que são tão apaixonadas por isso, que excedem os problemas que costumam nos assombrar...e transcendem além disso

Obrigada Luana Ptukha, Tatiana, Anna Borisova, Anastacia e Vilenna Shamarkan. Aquela noite vai ficar para sempre comigo!

quinta-feira, 6 de março de 2014

Primeira formação Cia Lulu - 2009 - queridas para sempre!





Tenho saudades desta época

A escola no novo endereço ainda era bem nova, e todas estávamos nos acostumando a ter mais espaço e um ambiente todo dedicado a dança.



Muitas daquelas que começaram conosco, mudaram radicalmente de vida, e algumas até deixaram a dança de molho.

No caso deste grupo, a maioria permaneceu e até hoje pratica, ou até mesmo trabalha com ela.



Millah Marcucci, hoje mora na Inglaterra, Flavia Paradela é terapeuta, mas ambas serão para sempre bailarinas

Lia Takata e Kelly Rodrigues, estão ativas e muito presentes em Shangrila

Paula Trigueiro é uma de nossas mais novas professoras.



Só tenho a agradecer!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Cigarra ou Formiga? Eis a questão!





Impressionante, como o que reverbera mais onnline é sempre algo que carrega uma energia que não é das melhores.

Ontém, vivendo pela centésima vez uma situação que já assolou muitas professoras de dança mas especialmente costuma criar problemas para as pequenas empresárias da dança, decidi me colocar sobre uma situação real, com uma pessoa real, que tomou atitudes socialmente incorretas.

Vivemos num meio formado em sua maioria por escolas pequenas, que sobrevivem, parcamente, com ajuda de amigos, família e quem mais aparecer por perto para dar uma força.
Poucas escolas de dança Oriental alcançam   a estrutura de uma pequena empresa, com todas as responsabilidades que isso acarreta. Funcionários, impostos, custos fixos altos e que não desaparecem com carnaval , natal e copa do Mundo.
Nesta teia da informalidade, vale tudo!

Buscando por algo que me trouxesse um vento fresco hoje de manhã decidi ouvir o Podcast da Sala de Dança...e não escolhi o atual mas um que saiu há algum tempo atrás.
http://www.saladedanca.com.br/
o endereço para quem ainda não conhece!!!

Escutando  o episódio  sobre Ética e Moral - onde vc se encaixa?, me dei conta de algo que ainda não tinha  ficado claro para mim.
Ouvir sempre traz novas reflexões e por vezes nossos valores estão mesclados com conceitos e nem percebemos. O que ficou para mim...

Moral é aquilo que está tão enraizado dentro de nós, que rege nossas ações mesmo quando não há qualquer chance de sermos descobertos. Decidimos não fazer coisas que não cabem em nossa forma de ver a vida e o direito nosso e do outro. De certa maneira, é o que vivenciamos desde pequenos e o que aprendemos no seio da nossa família, eternizado em nosso corpo e mente.

Ética - é diferente, seria a  forma como nos conduzimos para poder viver melhor em sociedade, sabendo que nossas ações vão reverberar nos outros e por isso tomamos alguns passos específicos para evitar o prejuizo do outro e nosso próprio. Mas este pensamento se vira para o coletivo, não é mais algo tão pessoal, mas sim voltado para a comunidade ou grupo onde vivemos.

Uma colocação clara, num ambiente que atinge sim muita gente, mas que ainda é meu por direito, criou uma avalanche de resultados. Os ataques que recebi vieram sem muito refinamento e absolutamente grosseiros, de pessoas várias, algumas inclusive que conviveram anos comigo, e que mantém externamente a política da boa vizinhança , mas num momento  como aquele o que tem a mostrar mesmo o são os dentes!Ok todos nós somos animais no final das contas, a única diferença é nosso nível de evolução!

Sempre que escrevo algo que é importante para mim tomo o cuidado de ser direta, não gosto de sujeito oculto, não acredito nisso a não ser para a gramática da Lingua Portuguesa. Este é meu canal, comunicar, dizer, escrever. Não sou adepta, de fazer de  conta ou fingir que não vi algo, quando a verdade é mais clara que dia de sol na neve.

Então quando chego no meu limite, escrevo. Ah vc deveria tratar disso de forma privada!( Dizem as línguas estrangeiras por aí!)
Aos abutres de plantão, viva o que eu vivi, ria o que eu ri, chore também, e passe por tudo, aí vc pode decidir para VOCÊ  o que fazer!

Muito fácil falar sem citar nomes, e aí então escrachar solenemente a pessoa que é o alvo da piada, sem o menor pudor ou respeito.
Afinal estou atrás do anonimato do sujeito, ao não citar o nome, me protejo e me ancoro na covardia das palavras.
Seria maravilhoso se tivéssemos a chance de escolher quem fica e quem não fica ao nosso lado desde o primeiro contato.

Que tal se ao se aproximarem de nós, as pessoas já sinalizassem o que são de fato?

Isso evitaria que compartilhássemos nosso espaço, físico, emocional e social , com seres que não trazem nada , apenas sugam e depois destroem o que ficou para trás!

Mas evidentemente isso não recebe nenhum nome ruim certo? Falar pelos cotovelos sem nenhuma prova, e trocar figurinhas online, sem necessidade alguma de um fato real que corrobore as acusações é um comportamento aceitável?E o que dizer da pessoa que conversa com você de forma respeitosa até mas que online faz questão de manter o esnobismo e o suave desprezo como tempero principal?

Em alguns momentos a sensação é mesmo de que o nosso mundo - pelo menos este Universo pequeno e multi facetado da dança Oriental - está mesmo perdido.

Ainda existem sonhadoras de plantão, que não não baratas sem coração, e nem ratos anestesiados, e por isso reagem.
São estas pessoas que fazem o que ninguém quer fazer, são elas as taxadas de patsas pois acreditam que é possível um caminho do meio, acreditam que é possível compartilhar, e respeitar o diferente, sem ferir o outro.

Pessoas que como eu, estudam até hoje, pagam por aulas, dão créditos aos professores que lhes ensinaram, e continuam buscando por respostas. Mudam de idéia e recompõe suas explicações.
Mulheres comuns, algumas tem filho , outras não, mas todas sem exceção abraçaram um causa que toma delas muito mais do que 3 horas por semana.

Para estas loucas formigas trabalhadoras, existe um exércíto de cigarras, cheias de opinião.
A formiga é incansável, limpa chão , faz evento, faz comida, cuida de criança ou de seus gatos, cachorros dança, ensina e etc!!
 As cigarras tem tempo de sobra, para falar do outro sem olhar para si. Aproveitam a vida, dançam sem muito compromisso, pois afinal ninguém depende delas.
A formiga é coletiva, a cigarra individualista.
A formiga sabe que o conjunto faz a força a cigarra, vai pensar na força necessária na hora em que a necessidade aparecer.

Então para aquelas que tiveram paciência de ler até este ponto, eu penso mais uma vez que o grande caminho é entender os nossos porques
Quem eu sou, e onde me encaixo.
Tenho moral, mas qual é a trilha que considero como minha Ética?

Como diz Valéria Alves, será que sei quem eu sou, e a que vim?
Ou já me perdi no turbilhão de ser o que querem que eu seja dependendo do ambiente onde me encontro como um camaleão perdido , e distante da natureza?


Quem assina aqui é , a louca bipolar descrita por antigas parceiras de dança, que precisa de Prozac, mas não toma pois faz mal a saúde, tem comportamento adolescente, pois uma parte de mim será para sempre jovem!
Podem falar a vontade, sim tenho 47 anos, danço , ensino, vivo, choro e me descabelo mas sou sincera...
Artigo raro que talvez em poucos anos, se transforme em antiguidade, talvez suas filhas ou filhos, nunca tenham a chance de entrar em contato com isso!!

Fecho com as palavras de uma pessoa muito especial, que sempre traz luz por onde passa
Patrícia Dib
Hoje de manhã :

Somos frutos de nossas próprias escolhas...temos direito de fazer o errado mesmo sabendo que poderiamos ter escolhido o certo...me derrubaram!!! Mas já estou de pé...ontem tive um encontro com meu passado e consegui espiar meu futuro...decidi então que no presente não mais sentarei diante de alguns seres que convivem  no mesmo espaço que eu, sei que não sou gigante,mas se sentada eu incomodo espere pra me ver de pé...


Boa tarde a todas nós, e que possamos arcar com o peso de nossas ações assim como nossas palavras!