terça-feira, 15 de novembro de 2011

As cavas Aliança em Portugal - uma visita de arte e em busca do sensorial

Quando primeiro aprendi algo sobre vinhos, direto do túnel do tempo, e em outras companhias, os vinhos portugueses ficaram marcados dentro de mim.
Na primeira vez em que somos ensinados sobre retrogosto, bouquet, viscosidade, e nota de fundo...sei que tem outro nome mas não me lembro, vai então a expressão para perfumes.... nossos sentidos são despertados para outros níveis.

Meu primeiro professor de vinhos, me fez perceber que naquela taça residia muito mais do que uma bebida para me deixar meio lá meio cá.
E de mocinha rasa, que só gostava de vinho doce, eu passei a ser uma aprendiz, que mais tarde mudaria seu gosto totalmente para vinhos tintos e secos, de preferência encorpados.

Desde então despretenciosamente, busquei experimentar um pouco de vinho em todos os lugares por onde passo. Não me arvoro posição alguma e nem tento analisar nada, apenas me entrego ao prazer de sentir na boca os aromas e sabores distintos, e me permito decidir, gosto ou não gosto?
Essa é a vantagem de não ser profissional na área, a experiência é simbolo de prazer e se não é eu descarto, assim simples, como diz meu professor de Tao, esqueça o complicado e viva o simples!!!

E deste jeito fui visitar as Cavas Aliança perto de Coimbra
O Museu subterrâneo pertence ao dono da Cia no momento, e foi uma surpresa incrível.
 Embaixo da terra vivem os vinhos e arte do mundo inteiro. Eles também são os donos do meu tinto preferido Quinta da Bacalhoa, e descobri que nem mesmo em Portugal o danado é baratinho.

A visita guiada foi rápida e rasteira e mal tínhamos tempo para entender o que estava acontecendo
 A coleção de arte começa com máscaras africanas de diversas regiões que vão desde tempos remotos até a atualidade, de acordo com os cornos presentes nas carrancas definia-se o poder e importancia do proprietário das mesmas, e também sua posição social dentro da estrutura da tribo;
 Com o passar do tempo as esculturas , guardando diferenças regionais e de antiguidade , foram ficando menores e mais detalhadas e mais tarde até facilitavam a vida dos turistas que passaram a querer trazer para casa um pouco da excentricidade e exotismo do país que visitavam!
 A arte de cestaria é mostrada nesta parede cheia de exemplos da criatividade africana relacionada a esta arte

E aqui olhem só, os símbolos fálicos, mais uma vez diziam sobre o poder de seu dono, e dizem as más linguas também poderiam ser descritivos, mas é difícil de acreditar no tamanho de alguns.

A coleção de pedras semi preciosas é de tirar o fôlego de qualquer um. A maioria delas vem de nosso país e corredores sem fim mostram peças lindas, desde as brutas até algumas já com trabalho de lapidação.




O mais incrível , esta visita não custa absolutamente nada e qualquer pessoa pode agendar e trazer seu grupo, as belezas que te esperam são de fato surpreendentes.
Nunca imaginei que ao visitar uma cave de vinhos pudesse ser assolada por tanta beleza e expressão artística.







Aldeias de Xisto - Serra de Lousã

Na região serrana de Lousã, tem uma serra linda, e Rafael e Marta, me convidaram para um jantar típico português.
Era uma noite fria, mas lá fomos nós para o alto da montanha, ou melhor dizendo serra mesmo já que estávamos há apenas 800ms acima do nível do mar.
A chegada foi já de noite o que não deixou muitas chances de ver a área ao redor mas só a entrada já dizia muito sobre o que eu iria ver.
Talasnal, Casal Novo e Chiqueiro são aldeias cravadas na serra da Lousã, ligadas entre si pela história e cultura comuns, mas sobretudo pelo viver genuíno das gentes. Ao reabilitarem-se casas e condições de vida, recuperam-se os sorrisos que nestas três aldeias voltam a chamar quem aprecie o casario encostado a ruas estreitas e as fontes que cantam os segredos da Serra.

Descobrir estas três Aldeias do Xisto representa mergulhar no mundo mágico da Serra da Lousã, embrenhar-se numa vegetação luxuriante por onde espreitam veados, corços, javalis e muitas outras espécies, algumas raras e protegidas. Aqui reina a Natureza, sensível, que pede respeito. Mas que permite inúmeras possibilidades de lazer e de desportos activos. Aqui sente-se o pulsar da terra e a sua comunhão com os homens quando se avistam ao longe as aldeias. Parecem ter nascido do solo xistoso, naturalmente, como as árvores. Hoje, as suas raízes somos todos nós. ( palavras de um português)

 As casas ficam abandonadas a maior parte do tempo.
Nos finais de semana, as habitações ganham vida, com os turistas rurais de uma cia chamada por exemplo Capitão Dureza ,  não é mole não!
Chegamos bem tarde na noite anterior e a ceia estava posta, comi demais....

Peixe, carne, Migas ( um mexido maravilhoso que mistura couve manteiga com alho e azeite, pão desfiado e feijão) vinho tinto e vinho branco e muita fartura. Ameii!!!
Os portugueses se parecem muito aos Arabes, no quesito fartura a mesa, e se vc não comer ficam tristes, eu não queria entristecer ninguém , então comi e muito!
 Casal muito giro, Martinha e Rafael meus anfitriões na cabana em Talasnal, e claro shisha depois do jantar!O bar onde estávamos se chama Curral e fica dentro da casa que é toda separadinha por andares e escadas estreitas, tudo é feito de Xisto e me senti vivendo em tempos antigos, esse povoado em especial tem mais de trezentos anos de idade!

No teto pendurados os bilhetinhos deixados pelos visitantes, fiquei de escrever um e acabei me esquecendo.
Nas paredes garrafas e mais garrafas
Tomei Jurupiga, que meu filho ia adorar se pudesse experimentar, e outros licores típicos, inclusive de castanha portugues, fiquei zureta total....

Petra não bebe de jeito nenhum mas um pouquinho ela teve que experimentar, pela expressão marcante, podem ter uma leve idéia do que ela achou da bebidinha!!

Deixo vcs com algumas imagens deste lugar lindo!

Mais imagens no facebook, aqui demora demais, tenho que descobrir uma maneira de mostrar estas maravilhsas de uma forma mais rápida







Noites de Coimbra

Temos esta estória antiga entre Brasil e Portugal e claro eu esperava algo neste sentido ao chegar.
Sei lá uma piadinha, porque sou brasileira, ou qualquer outra coisa, mas a recepção aqui foi a mais calorosa possível e sem um traço de troça...
Petra, louca e possuída, me disse que iríamos a um restaurante menu surpresa...well o que significa isso?

Bom a gente chega, e não sabe o que vai comer, simples assim, comemos o que o chefe tiver!!
O lugar por sí só vale a visita, se chama Sé Velha , com a escada do Quebra Costas, e as fantasias de morcego pendendo das repúblicas que existem por ali. A igreja abaixo se chama Igreja da Sé Velha, e dá um charme muito diferente ao lugar!

A tal da escada quebra costas, é uma escadaria que eu não arriscaria descer bêbada, e parece que outros também tomam o mesmo cuidado. Todo o lugar cheira a boemia, e nas ruas com luz amarela é gostoso caminhar sem pressa. Foi ali que tínhamos um encontro marcado no restaurante surpresa!

Caminhando pelas ruas estreitas e que quase não aceitam a passagem de carros, arrumamos por milagre um lugar para estacionar e lá fomos nós para a noite do Menu surpresa
O engraçado era que exatamente neste dia, o restaurante estava em festa, e os poucos lugares que geralmente existem a disposição, por volta de 20 no total, não existiam neste dia pois era o aniversário do lugar, portanto, além do menu surpresa, não tinha lugar para sentar também, surpresa, vamos comer algo que não sabemos o que é , num lugar que não sabemos qual é, e terminando não sei quando, e lá fomos nós....
 Era assim uma mesa comprida com tudo em cima, e cada um se servia do jeito que podia
Experimentei "punheta de bacalhau" não gostei, muito salgado e com gosto estranho demais, vai saber o que tinha dentro.
mas adorei Tigelada- parece nosso pudim de leite mas é mais um bolo molhado, horrível de tão bom...
Vinho a vontade, amigos por perto, só faltou meu amor e meus pequenos....grandes !!

Meus novos amigos , esquerda para direita : Diogo ( meu médico maravilhoso) Nicole, Petra Pinto, uma artista maluca e maravilhosamente criativa, Rafael 1 o anjo da Martinha, que está do meu lado direito, e Rafael 2, ou melhor dizendo Hórus, um amor de pessoal e um bailarino incrível em cena.

De lá ainda íamos passar por uma casa de Fados e lá fomos a trupe da madrugada. Passando pelas republicas do centro, dei de cara com decoração típica nas portas e janelas e juntei uns pedacinhos para mostrar
 Do lado esquerdo podem ver um espantalho esquisito pendurado na parede, ele é chamado Morcegão.
Aqui em Portugal, existe todo um protocolo de vida para os Universitários, com roupa formal e cheia de símbolos para cada ano de conclusão de curso.
Existem aqueles que seguem isso a risca, e os outros que são contra o praxe.
Os contrários penduram do lado de fora de suas repúblicas, os simbolos de repudio, e um deles, é este espantalho estranho fazendo piada sobre os estudantes certinhos, chamados pelos rebeldes de boa causa de Morcegões!!!
Ainda andamos um tanto até encontrar uma imagem do Rio Mondego de noite a caminho da casa dos Fados.
 Andando por aqui me lembrei do Pelourinho em Salvador, a pena é que as ruas pequenas e antigas, não tem nenhum trabalho de restauro, e fico pensando no que será daqui a alguns anos, pois tudo é tão bonito mas tremendamente descuidado
De qualquer forma, existe um encanto natural que me pegou de primeira
 Essa visão pode ser vista das ruas pequenas, e temos uma idéia da parte baixa da cidade. Coimbra  é dividida entre parte alta e baixa, mais uma das similaridades entre esta cidade e Salvador. Tudo o mais é diferente, mas o clima de boêmia do centro velho de Coimbra me fez sentir um gostinho de noite brasileira, em minha primeira noite portuguesa.

Fechamos a noite no clube de Fados, e eu já estava meio morta mesmo, de lá para casa, dormindo pouco mas bem




Terminava assim a primeira noite! e se iniciava um contato que no decorrer de apenas uma semana se transformaria em muito mais...hoje sei que tenho casa em Coimbra, um cantinho no Porto, e uma pousada em Algarve, coisas que a dança dá!!